(Pedi a um gerador automático desses que me fizesse Vasco da Gama, ao estilo dos Estúdios Ghibli, sorrindo em uma praia, e foi isso que ele me produziu).
Este texto é só propaganda do curso novo.
Então, aproveitando a oportunidade, antes disso, tome propaganda do meu Patreon (assine aqui), dos meus cursos disponíveis no Gumroad (veja aqui) e meus livros publicados no Clube de Autores (veja aqui).
Vamos lá:
O problema da (em si mesma, louvável) moda de comprar clássicos é ter de ler essas pragas.
Diversos deles estão em línguas exóticas e desconhecidas do público, tais como russo, alemão, ou, no caso dos Lusíadas, português.
Muita gente ajuda os pobres leitores com esta parte da tarefa. Há os tradutores, os explicadores, os cursos de leitura, de gramática, de idiomas...
Só que isso resolve apenas um problema: faz, desculpem a expressão, o autor e o leitor falarem a mesma língua.
Mas falantes da mesma língua nem sempre se entendem.
Se vocês já foram a uma consulta médica em algum momento da vida e nunca estudaram medicina, anatomia, fisiologia, etc, hão de se lembrar de ouvir o bom doutor falar um monte de coisas bonitas que deveriam fazer sentido, mas no fundo não faziam, para explicar sua doença e o que se pode fazer.
O doutor – ou o autor – fala de alguma coisa, numa linguagem adequada a esta alguma coisa. Se a gente não souber algo da terminologia usada, não vai entender o que (às vezes, nem do que) ele está falando, mesmo que domine perfeitamente o idioma empregado.
Se a pessoa quer compreender Melville, além de inglês, tem de saber – ou procurar saber – algo de cetologia; se quer compreender Conrad, precisa saber algo de terminologia náutica.
Para entender Camões, precisa saber astrologia.
Para ser mais claro: para entender quase todo português do começo do século passado para trás, é preciso saber um pouco de astrologia; para entender Camões ou portugueses envolvidos com navegação, há que se entender um pouco mais.
Descendente de poetas, guerreiros, eruditos, mercadores e marinheiros, Camões foi um pouco de tudo isso.
Em boa parte da história da Europa, especialmente em Portugal, a medicina e a arte da navegação estavam intimamente ligadas à astrologia, e muitas vezes os três assuntos eram ensinados pelas mesmas pessoas – como Abraham Zacuto ou D. Pedro Nunes, por exemplo, para ficar em dois autores que Camões conhecia e cuja influência se sente no poema épico.
Zacuto e Nunes não são os únicos astrólogos que Camões certamente leu; a expressão “dois invernos e dois verões”, de que se utiliza para mencionar a zona Equatorial, era usada para descrevê-la em manuais da época.
A astrologia de Camões é precisa não só no espaço, mas também no tempo; se ele diz que a noite estava sem Lua, ou que, ao contrário, por exemplo, a noite era de lua cheia, não é apenas imaginação poética.
Ou, para ficar num exemplo do começo do canto I, se ele diz que os portugueses estavam “já lá da banda do Austro e do Oriente”, eles estavam a sudoeste do leitor-alvo original. Se ele diz que “o sol ardente queimava então os deuses que Tifeu c’o temor grande em peixes converteu”, era no fim de fevereiro ou nos primeiros dois terços de março (se você não entendeu ainda, não se preocupe; faça o curso).
O curso custa 350 reais; entre em contato comigo pelo email marcos@marcos-monteiro.com e eu envio os modos de pagamento e tiro qualquer dúvida.
Até breve.