Vi isto ser feito, pela primeira vez, pelo John Frawley (ele analisou, se me lembro bem, o Grande Incêndio de Londres… ou o Grande Cismo de Lisboa, um dos dois).
ATENÇÃO:
Este post é um pouco longo, talvez chato e certamente um pouco frustrante.
Eu estou, como diz o título, testando este método. Então, não é uma previsão — até porque estou usando eventos que já aconteceram — e não é uma exibição bem-polida e bem-acabada de uma técnica que eu domine.
Peço desculpas, a próxima, prometo, será mais leve. Mas é algo que eu preciso fazer.
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Aqui vai uma foto de um gato (não é a minha, peguei na internet) para deixar vocês mais animados.
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A ideia é considerar a Grande Conjunção Júpiter-Saturno como o “mapa natal” de uma determinada época e, para cada ano a ser investigado, usar uma revolução solar que abranja o período em questão.
É claro que a época que quero analisar é 2024 no Brasil.
Eu falei sobre o Ingresso do Sol em Áries e sua relação com a Grande Conjunção aqui.
Este é o mapa da última Grande Conjunção para Brasília. Ela ocorreu no dia 21 de dezembro de 2020.
A intenção não é analisar este mapa, mas compará-lo com esse aqui, que abrangeria — se esta técnica vale de alguma coisa — o período que quero investigar.
Antes da comparação, quatro coisas chamaram a minha atenção.
Primeiro, o menos notável — mas que se ressalta porque, bom, eu sei o que aconteceu até agora — é Saturno, regente da casa um, no início de Peixes. A perda de dignidade e a entrada em signo de água me parecem congruentes simbolicamente, mas eu jamais pensaria nisso, acho, se eu tivesse visto este mapa antes das enchentes. Digo menos notável porque Saturno já está em 2 de Peixes, e os outros testemunhos me parecem mais chamativos. Ele está longe o suficiente, acho, de duas estrelas que poderiam, sim, indicar excesso de água — Sadalmelik e Fomalhaut (eu dou uma lista das estrelas que julgo estarem próximas o suficiente de alguma coisa mais para o fim do texto).
As outras coisas são mais difíceis de ignorar: Vênus, alta, na casa dez, no próprio detrimento; Júpiter e a Lua conjuntos no signo oposto, Touro; Sol e Mercúrio conjuntos no começo de Capricórnio, ambas as conjunções próximas e mutuamente aplicativas, com o planeta mais avançado estando retrógrado.
É difícil saber, com seis planetas (que no total regem 10 das casas do mapa) envolvidos, o que está acontecendo… Mas, quando começamos a comparar os mapas, mesmo se descontarmos o Sol (porque ele é o planeta que cria o mapa), Mercúrio deve ser relevante — ele está na mesma posição em que estava na Grande Conjunção.
Ele pode ser relevante por ser Mercúrio, ou pelas casas que rege (oito, dois, cinco). A casa cinco seria meu primeiro alvo, porque ele a rege nos dois mapas. Sim, eu sei que não faz sentido (ou: não faz sentido ainda; o ano não acabou. E a casa cinco pode ser o fruto, o “lucro” da casa quatro, pode estar indicando problemas relacionados a cultivo, o que é bastante provável, mesmo que nada mais de importante ocorra).
No entanto, as casas dois e oito podem ser importantes, porque Júpiter, que está enfatizado na conjunção com a Lua (conjunção que bate em Urano no mapa da Grande Conjunção) também rege a dois e a oito (além da onze); ele sempre rege as casas opostas a Mercúrio.
Além disso, o eixo dois-oito parece ser enfatizado porque os Nodos da RS estão em cima dele por antiscion — e Marte da GC está sobre o Nodo Norte da RS (o que bate na oito).
Complicando um pouco as coisas, Marte da RS está sobre o Nodo Sul da GC, que rege outras casas (doze, sete, três, dez).
Os eixos ASC-DESC e MC-IC estão trocados e próximos um do outro, mas um pouco longe.
Vamos ver se as sete partes árabes fundamentais ajudam ou atrapalham (falei sobre elas aqui e aqui).
Aqui vão as da Grande Conjunção:
Fortuna (associada à Lua): 13o 09’ de Leão.
Necessidade (Mercúrio): 10o 41’ de Escorpião.
Amor (Vênus): 20o 33’ de Escorpião
Espírito (Sol): 18o 05’ de Aquário
Valor (Marte): 5o 33’ de Virgem
Vitória (Júpiter): 28o 01’ de Áries
Cativeiro (Saturno): 28o 17’ de Escorpião
Eu disse, lá em cima, que não era minha intenção analisar a Grande Conjunção em si, então não vou mencionar muita coisa sobre as partes — é difícil não notar, por outro lado, que, por antiscion, as partes da Necessidade e do Espírito estão conjuntas, repetindo a conjunção Sol-Mercúrio (e, não, não é uma repetição automática).
Também não dá para ignorar que a parte do Valor está, por antiscion, conjunta a Marte e a parte do Cativeiro, também por antiscion, está conjunta à conjunção Júpiter-Saturno.
Quando olhamos o mapa da RS, a parte da Fortuna está no Descendente; a do Amor enfatiza a própria Vênus. Necessidade (e Espírito por antiscion) estão conjuntos ao Meio-Céu. A parte da Vitória está oposta, por antiscion, a Saturno.
Bom, é fácil perceber que é um ano muito “importante”. Muitas coisas da Grande Conjunção são retomadas nesta revolução; mas o que ela parece dizer, para mim, ainda está confuso.
Quer dizer, é fácil, sabendo o que aconteceu, montar uma história que faça sentido — mas os testemunhos são muito variados, é difícil chegar a uma conclusão sem cair em leitura fria.
Há uma ênfase bastante clara a Mercúrio, porém. Os eixos dois-oito e dez-quatro também. No eixo dois-oito, Mercúrio rege a oito, que pode significar morte. No eixo dez-quatro, Vênus rege a quatro, mas Marte rege a dez, e os dois parecem estar enfatizados.
É claro que um ano que, por assim dizer, começa com um desastre natural desta magnitude terá problemas em praticamente todos os setores — os danos econômicos, sociais, políticos, etc, do que está acontecendo certamente serão muito grandes.
No entanto, eu gostaria de mais clareza. Exceto a ênfase em Mercúrio — que rege a oito, mortes, mas também mudanças repentinas de tempo, e tremores de terra (o que chegou a haver no RS há poucos dias), além da casa dois, o que certamente será impactado no país inteiro por causa dos alagamentos — os outros testemunhos parecem estar espalhados.
E, bom, eu senti falta, neste mapa, de mais ênfase em água. Sim, Vênus está enfatizada, e está em Escorpião, signo de água. Sim, Saturno, regente da um está também enfatizado e também em signo de água. Sim, tem a conjunção Lua (água)-Júpiter (expansão)… mas em Touro.
Não desisti ainda. Quero olhar as partes árabes por arco “natal”.
A ideia é simples: em astrologia natal, pegamos as partes árabes fundamentais, subtraímos o Ascendente do mapa e somamos ao Ascendente da Revolução Solar (se não me engano, também expliquei o que são nos posts que mencionei mais acima). Assim, temos sete partes com a mesma distância, no mapa da RS, que tinham, no mapa natal, ao Ascendente.
Vou fazer o mesmo com a Grande Conjunção e esta revolução. Só vou mencionar as que estiverem fazendo alguma coisa.
A Fortuna “por arco natal” cai em 9o 20’ de Touro — enfatiza o Meio-Céu da RS, e se opõe a Necessidade e Espírito da Grande Conjunção.
A Necessidade cai em 7o 20’ de Leão — oposta a Vênus da RS (e à parte do Amor da GC).
A parte do Amor, em 16o 49’ de Leão, pega, embora um pouco longe, o Descendente da RS, mas está conjunta bem próxima (por corpo) ao IC e (por antiscion) o Ascendente da Grande Conjunção.
A parte do Espírito, em 14o 16’ de Escorpião, faz a mesma coisa, mas invertida duas vezes: ela pela o MC (por por antiscion) e o Descendente (por corpo) da Grande Conjunção.
A parte do Cativeiro, em 24o 28’ de Leão, cai, por Antiscion, na conjunção Lua-Júpiter da RS.
Bom, aqui acho que as coisas ficam um pouco mais claras. Uma ênfase em todos os ângulos, sim, mas mais forte no IC e no seu regente. A parte associada ao regente da um, Saturno, pega a conjunção “água-expansão”.
E as estrelas?
Bom, temos Sheratan — o chifre mais violento de Áries, da natureza de Marte e Saturno — conjunta à Lua da RS.
Aldebaran está conjunta à cinco, Antares à onze, Sirius à seis, Vindemiatrix à nove, Alphecca na dez. Com a exceção de Alphecca, todas as outras são violentas ou perigosas.
E aí?
Bom, se você acompanhou até aqui, e não ficou confuso, meu veredito é…
O negócio parece funcionar, mas parece dar muito trabalho; nesse exemplo, ao menos, o excesso de testemunhos pareceu tirar um pouco o foco.
Como eu não consigo encontrar um bom motivo para eliminar alguma coisa dessa análise, esperemos que seja uma exceção. Quando puder, vou escolher algum outro período de algum lugar em que tenha havido um desastre natural (a Grande Seca do nordeste do final do século XIX, talvez; ou o tsunâmi de 2004 para algum dos países afetados).
E prometo enxugar a análise.
Mas, por enquanto, é isso.
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Um abraço e até a próxima.
O texto é maçante, mas a análise é incrível. Deixou registrado algo que nenhuma alma viva deste país tinha percebido antes 🙏 kudos